5 mitos do planejamento

5 mitos do planejamento

Lembra-se de quando você estava para realizar sua última grande viagem? O excitamento, a lista de coisas a resolver – verificar malas, passaporte, passagens, as possibilidades meteorológicas, medicamentos, se era necessário ou não tomar alguma vacina, os lugares a visitar, que souvenirs  comprar e para quem, horários de conexões, expectativa do que encontrar, de como falar com as pessoas em uma outra língua; certamente, imagino eu, você poderia enumerar mais algumas coisas.  

Toda esta sadia preocupação na preparação de uma viagem pessoal se assemelha em muito com o pensar o que será feito pedagogicamente em uma sala de aula. Afinal de contas, planejar é preparar algo para um determinado fim. Usamos isso todo tempo e muitas vezes, o fazemos de modo inconsciente. 

Neste breve texto, gostaria de lembrar com você 5 mitos sobre o planejamento escolar que podem ajudar a você a ajustar sua mente e coração para um 2020 bem sucedido. 

 

Mito 1Planejar é algo simples.  Sim, se você planejar ir ao supermercado ou fazer determinada compra online, não há muita coisa envolvida nisso. Entretanto, ao pensar a partir de um determinado conteúdo e torná-lo acessível, compreensível, integrado à cosmovisão cristã, aplicável à vida de alguma forma e fazê-lo atraente ao aluno, você concordará comigo que isso demandará tempo e reflexão profunda. O sábio Salomão deixou bem claro que há tempo para todo propósito debaixo do céu. Deduz-se então que, um professor organizado, conseguirá ter o tempo necessário para dedicar-se à preparação de sua aula, pois uma de suas importantes atividades é o seu trabalho, o exercício de sua profissão, não aos homens, mas ao Senhor. O apóstolo Paulo, afirma que “Nele (Jesus Cristo) estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento.” Colossenses 2 e o livro de Provérbios no capítulo 25:2 diz: “A glória de Deus é encobrir as coisas; mas a glória dos reis é esquadrinhá-las.” Estes dois versículos nos dão uma grande dica – reflita! Invista tempo sobre seu conteúdo, suas relações e implicações com o seu contexto local, regional nacional e global, se for o caso e em como trabalhá-lo com seus estudantes.  Rascunhe ideias em oração, escrutine a Deus e peça a ele que abra seu entendimento para qual o melhor modo de dar sua aula ao seu público específico.  Garanto a você que você se surpreenderá com os preciosos insights do Espírito sobre sua mente e coração. 

 

Mito 2Planejar é perda de tempo. Talvez para aqueles que queiram abraçar o mundo ou não se importam muito com sua vida profissional. Um professor competente e com alguma experiência sabe de antemão que se há dez minutos para fazer algo, os três primeiros minutos devem ser de planejamento do que irá se fazer. O tempo investido na realização de um bom plano, economiza o precioso tempo na aula e dá segurança ao professor, principalmente naqueles momentos que ajustes precisam ser feitos no curso da aula; pois, ele não perderá de vista onde quer chegar e terá mais tranquilidade de mente para lidar com os imprevistos, sem temor, sem ansiedade. Um professor despreparado terá que lidar não somente com sua falta de direção e propósito, mas também com os súbitos acontecimentos que são naturais na sala de aula.  

 

Mito 3Planejar é desnecessário ao professor experiente. Jamais conheci um professor experiente (leia-se bom e capaz) que não tomasse algum tempo de planejamento. Há certas lendas do meu tempo de ensino médio de que alguns professores só olhavam o tópico a ser dado e davam um show. Tais lendas, contudo, davam a mesma aula havia anos, somente atualizando os dados necessários. De todos eles, somente um eu guardo com admiração. Àquela época ele preparava um esquema em papel craft, o qual ele desenrolava sobre o quadro verde, prendendo-o com fita adesiva. Daquele esquema saíam duas horas de aulas incríveis. Percebíamos que ele havia preparado sua aula e pensado em nós e em algumas de nossas dificuldades. Um professor experiente saberá que não há sala de aula igual e que até um mesmo aluno no ano seguinte tem outra maturidade e outros interesses que o tempo desperta e modifica. Por isso, humildemente, o professor experiente prepara-se para entregar aos alunos o melhor de si e de seu conteúdo. 

 

Mito 4Planejar é traçar uma rota. Não, não é. Planejar é traçar um destino, é ir em direção a um objetivo. Certa vez, em um dos cursos de especialização que fiz, nosso professor nos levou a um quartel do exército. Lá fizemos uma atividade com bússola e mapa, todavia não havia caminhos e tínhamos que chegar ao nosso destino. Da mesma forma que acontece hoje quando o Google ou Waze nos leva para determinado lugar, vemos que há várias possibilidades de rotas para uma mesma direção. Aquelas com pedágio, sem pedágio, por vias principais, por vias secundárias, evitando tráfego (este nunca funciona direito), evitando vizinhanças perigosas (aqui sugiro bom senso), mais custo, menos custo de combustível, paisagem mais bonita, menos bonita. E cada escolha desta oferece uma vantagem e desvantagens.  O ponto é que devemos chegar ao destino da boa aprendizagem de nossos alunos pelo caminho que melhor se adapta à nossa realidade de sala de aula e que traz mais ganho. Se você quiser ser rígido e dar todos os passos planejados sem avaliar nada, provavelmente você irá se frustrar. Muito provável que algum aluno seu que gosta de sua matéria tenha alguma contribuição que pode, no bom sentido, desbancar boa parte de seu itinerário. Se sua sensibilidade entender do benefício disso para toda turma, você talvez vá pelo caminho da paisagem mais bonita. São vinte minutos a mais e alguns litros de combustível, mas a experiência compensará todo investimento. 

 

Mito 5Planejar é seguir o que o livro tem no índice. Nada mais falso do que isso! O planejamento é algo que traz em si uma intencionalidade que vai além dos limites do material que se tem em mãos para trabalhar. Ele é algo deliberadamente preparado, intencionalmente pensado, propositadamente articulado para um fim. Howard Hendricks, um reconhecido professor e autor cristão americano, era conhecido justamente por ser intencional, deliberado na condução de suas atividades em sala de aula. Se você já leu algum livro dele, você sabe bem do que eu estou falando. Recentemente, li um livro de uma de seus antigos alunos, no qual ele cita que propositadamente, ele testou o professor Hendricks no primeiro momento intencional de aula. Ele havia percebido a estrutura que o professor aplicava, e decidiu sentar-se no fundo da sala, não dar bola a nada do que acontecia nos primeiros momentos e poucos minutos após a aula ter iniciado, Mr. Hendricks pergunta a ele se está tudo bem, considerando que aquele único aluno não estava correspondendo à sua proposta. O que, o modo pelo qual, em que momento e as razões pelas quais você faz o que faz em sala de aula revelam não só a qualidade do seu trabalho como docente, mas o tipo de profissional que você é. Alie a isso, suas expressões, seu vocabulário, seu tom de voz como fatores que contribuem para o sucesso ou fracasso do seu excelente plano de aula. Parece exagero, contudo, pondere e comece a ter um olhar para estas coisas em sua sala de aula e você verá que isso é bem real. 

 

Assim, do mesmo modo que investimos tempo e reflexão para definir nossas viagens, rever datas, horários, itinerários. Conferir se toda documentação está correta, definir os destinos e os objetivos de nossos passeios e do que intencionamos realizar em cada momento neste nosso tempo de lazer, ver se temos todos os recursos disponíveis para executar nosso plano de desbravar novas terras ou rever e reexplorar lugares já conhecidos, temos de considerar o preparo de nossas aulas ou de nossas atividades pedagógicas não somente em sala de aula, mas em todas as atividades e ações da escola. 

A sala de aula é lugar de interação, de relações que se cruzam, de estados de humor que se encontram, de situações familiares que ficaram ali no portão da escola esperando o último sinal, de expectativas que vão além do que o professor deseja ensinar e o aluno anseia aprender.  

Leia Provérbios 16: 1,2 e 9. Considere-os para sua sala de aula. Busque estar sensível a Deus, pois ao mesmo tempo que ele usa você na vida de seus alunos e colegas professores, ele também os usa na sua vida, a fim de que o perfume de Cristo exale de você para todos ao seu redor.

 

 Boa Aula!